sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Ordem dos Advogados do Brasil: casa de ferreiro, espeto de pau


Um colega advogado e contabilista reclama, em grupo de discussão de que participo via internet, a publicação de balanços e outras demonstrações contábeis pela Ordem dos Advogados do Brasil - OAB.


Causa-me espécie que a OAB, que administra contribuições financeiras  diga-se, nada modestas  recolhidas de centenas de milhares de advogados País afora, siga a não ter por norma elementar a prestação de contas da aplicação desses recursos, de natureza parafiscal, aos seus afiliados e à sociedade.

Mas minha inicial estranheza, bem pensando, não tem razão de ser. Bem se sabe que a mesma OAB  cujas principais receitas, insista-se, têm natureza análoga à dos tributos , ao lado de outras corporações de semelhante jaez, há anos vem se negando peremptoriamente a se submeter ao sistema de controle previsto pela Constituição da República, que se exerce sobre todos e quaisquer órgãos e entidades, públicos ou privados, que versem recursos públicos.

Discursar em defesa da legalidade e da ética, na advocacia e na política  bem ainda criticar os mais variados comportamentos censuráveis de membros do Poder Judiciário ou do Ministério Público, por exemplo, ou ainda dos mais diversos atores da vida política nacional , sem, no entanto, praticar sequer transparência rudimentar dentro da própria instituição bem parece resultar naquilo que resume o adágio popular: 'casa de ferreiro, espeto de pau.' 

Aliás, convém lembrar que nesse particular a Administração Pública federal dá exemplo à OAB e quejandos, conforme uma simples visita ao Portal da Transparência, mantido pela Controladoria-Geral da União, pode à toda suficiência evidenciar.

Assim, enquanto o Estado brasileiro avança, ainda que a passos lentos, rumo à contemporaneidade no século XXI, segue a OAB a trilhar o anoso e obscuro caminho do patrimonialismo e da hipocrisia, na contramão da civitas maxima.







http://www.oab.org.br/transparencia/





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