sábado, 6 de agosto de 2011

Três vezes Huston

O canal de tv por assinatura TCM faz neste sábado homenagem ao grande diretor John Huston, com a exibição de três magníficos filmes, a saber:

John Huston (1906-1987)


O Falcão Maltês
(ou Relíquia Macabra)



Produzido ainda nos primórdios da indústria cinematográfica norte-americana, O Falcão Maltês, com Bogart no papel central,
traz um enredo eletrizante, em que têm lugar insuspeitadas reviravoltas, e revela invulgar qualidade artística e técnica, a ponto de constituir verdadeiro paradigma da dinâmica e da estética noir que veio a prevalecer nos filmes do gênero ao longo das décadas de '40 e '50.


O Tesouro de Sierra Madre


Uma autêntica obra-prima, que constitui, no dizer de meu colega Ricardo Camargo, um "poema épico sobre a ambição e as frustrações", com candentes lições sobre os efeitos que a cobiça produz na alma humana, como prelúdio do inevitável desengano. Direção bem calibrada, sem notas demasiado autorais; interpretações marcantes, em especial de Bogart e de Huston senior; e, adicionalmente, uma interessante fotografia em branco e preto, que contribui para o ambiente de generalizada desolação em que transcorre e culmina a história. Um must to watch para qualquer apreciador, por mais despretensioso que seja, da sétima arte.


O Passado não Perdoa


O menos espetacular dos três filmes exibidos nesta 'mostra'. Trata-se de um western não muito distante do convencional, embora conte com uma excelente direção e um enredo cativante, além de exibir interpretações notáveis de Lancaster e Hepburn. Como tudo de Huston, o resultado final, se não é extraordinário, está muito acima da média. 


Post scriptum:

Meu prezado Ricardo Antonio Lucas Camargo pondera que eu talvez tenha sido demasiado severo na avalição do 'Unforgiven', pois nessa obra "a temática típica do western se encontra com a tragédia grega a hybris consistindo em uma família branca criar uma bebê índia depois de o pai da família haver participado do massacre da aldeia da criança , com o que me parece que ele se afaste bem, no particular, do usual no gênero."

Em verdade, o filme apenas não me impressionou tanto quanto os demais ora comentados, talvez por não reconhecer em sua narrativa a exploração das notas dramáticas com a intensidade de 'Sierra Madre' ou por não identificar inovação de natureza estética como o 'Falcão Maltês'.  Mas o filme tem, com efeito, os méritos apontados, com o que refaço meu ponto para me pôr de acordo com o Ricardo.

E reafirmo:
Mesmo o que eu possa considerar mediano em Huston é infinitamente acima da média do que se sempre se produziu no cinema norte-americano.

Um comentário:

  1. Tenho um juízo mais positivo quanto a "O passado não perdoa", no qual a temática típica do western se encontra com a tragédia grega - a hybris consistindo em uma família branca criar uma bebê índia depois de o pai da família haver participado do massacre da aldeia da criança -, o que, de logo, mostra o quão longe está este filme do convencional no gênero. Acompanho o destaque para Burt Lancaster e Audrey Hepburn e chamo a atenção para a grande atriz do cinema mudo Lilian Gish.

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