quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Do histórico descaso da sociedade e dos governos com a educação no Brasil

Encerrou-se nesta semana, por determinação judicial, a greve dos professores da rede de escolas públicas do Estado de Minas Gerais, que se arrastava há cerca de quatro meses, comprometendo irremediavelmente o ano letivo de 2011. 

A seara da educação tem representado um ponto de extrema fragilidade do governo de Antonio Augusto Anastasia, que vem conduzindo, sem embargo, uma das mais exitosas experiências administrativas governamentais dos tempos atuais em toda a Federação. 

Embora o ensino público no Estado apresente números havidos como positivos nos mais variados aspectos, esse sucesso não se faz sentir entre professores, alunos e pais, todos altamente descontentes com a realidade que no dia-a-dia experimentam. E sequer é percebido pela sociedade como um todo, que, aliás, pouco parece se importar com os destinos da educação em Minas e no Brasil.

Resultado disso é o longo processo no qual o governo do segundo estado mais rico do País digladiou com professores da rede pública em uma contenda salarial sobre números da ordem de 750 dólares mensais —  isto é, uma vexata quaestio sobre migalhas. 

Enquanto isso, qualquer medíocre magistrado ou delegado de polícia — tomadas essas carreiras apenas como exemplo e considerados, dentro delas, apenas aqueles membros que auferem seus rendimentos sob o signo da legalidade e da honestidade — ganha 15 ou 20 vezes o salário mensal de um professor, todos remunerados pelos mesmos cofres públicos.

A questão do ensino público, como resta evidente, não consiste em dilema administrativo ou orçamentário algum, mas em um problema que remete ao histórico decaso da sociedade com a educação e o conseqüente desisteresse dos governos em lhe emprestar a devida atenção.

Em Minas Gerais, desta feita, apenas mais do mesmo. Infelizmente.

E assim se mina no Brasil a esperança de futuro, pois não pode haver expectativas no horizonte de um povo e seus governantes que, enquanto grassam o desperdício e a corrupção em todos os quadrantes do Estado, discutem se pagam 800, 1.200 ou 1.500 reais a quem educa as novas gerações.




Um comentário:

Comentários dos leitores são altamente bem-vindos, desde que versem sobre temas contidos na publicação e obedeçam a regras de civilidade e bom tom — vale dizer, não contenham grosserias, ofensas ou calão. Referências com 'links' para ambientes externos são livres, mas não se admitem atalhos para arquivos, paginas ou sítios eletrônicos que possam causar qualquer tipo de dano a equipamentos e sistemas eletrônicos. Em razão disso, os comentários são moderados e podem demorar um certo tempo a aparecer publicamente no Blog do Braga da Rocha.