sábado, 17 de dezembro de 2011

Quando o chefe do Poder Judiciário ombreia com notórios delinqüentes




Vejo-me novamente na circunstância de indicar a leitura de uma publicação de Augusto Nunes — pouco isento jornalista que mantém coluna na edição eletrônica da revista Veja, menos isenta ainda —, uma vez mais pelos inequívocos méritos do conteúdo da matéria.


No texto, cujo atalho se pode encontrar supra, Nunes tece acerbas e apropriadas críticas ao comportamento do presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, que recebeu em audiência, na semana passada, os senadores Renan Calheiros, Romero Jucá e Valdir Raupp.

Calheiros, Jucá e Raupp são todos, como se sabe, políticos de duvidosíssima reputação e péssimos antecedentes, cada qual denunciado pela prática dos mais variados crimes contra a Administração Pública, contra o sistema eleitoral e contra a ordem econômica, perante o próprio STF.

Em comum entre essa canalha figura, ainda, a condição de filiados ao PMDB, agremiação política de honrosas tradições pretéritas hoje convertida em quadrilha que atende por nome e sigla de partido político e que abriga também Jader Barbalho, outro malfeitor do mais alto quilate, que tinha a legalidade de eleição para o Senado Federal prestes a ser julgada pelo STF e cuja situação, então sub judice, constituiu o tema tratado na espúria reunião.

Nem é preciso salientar que, no julgamento da última quarta-feira, 14 dez., depois do encontro com a súcia representativa da banda podre peemedebista, Peluso desempatou o julgamento em favor de Barbalho, exercendo o voto de qualidade que lhe confere a condição de presidente da Corte — muito embora estivesse prestes a se dar a posse de Rosa Weber, nova ministra que poderia, naturalmente, emitir o voto decisivo na polêmica ação.

Também não vem ao caso discutir aqui o mérito da causa, a vexata questio que cindiu à meia o plenário do STF, tendo somente se cristalizado como decisum graças ao politicamente discutível espírito de Minerva repentinamente incorporado por Cezar Peluso. 

O que importa, fundamentalmente, é que o chefe máximo do Poder Judiciário brasileiro, já tendo perdido o respeito e a credibilidade da sociedade ao agir de forma sistemática tal qual um reles sindicalista em defesa de reivindicações corporativas da magistratura — inclusive dos interesses daquela porção da categoria que se convencionou chamar de "bandidos escondidos por trás da toga" —, encontra-se agora em vias de se equiparar moralmente aos notórios delinqüentes com quem, de véspera, parece concertar importantes decisões.   


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários dos leitores são altamente bem-vindos, desde que versem sobre temas contidos na publicação e obedeçam a regras de civilidade e bom tom — vale dizer, não contenham grosserias, ofensas ou calão. Referências com 'links' para ambientes externos são livres, mas não se admitem atalhos para arquivos, paginas ou sítios eletrônicos que possam causar qualquer tipo de dano a equipamentos e sistemas eletrônicos. Em razão disso, os comentários são moderados e podem demorar um certo tempo a aparecer publicamente no Blog do Braga da Rocha.